Sondagem da Católica. Empate técnico entre Ventura, Marques Mendes e Gouveia e Melo

André Ventura reuniu a maior percentagem nas intenções diretas de voto dos inquiridos nesta sondagem. No entanto, em cenários de segunda volta, o líder do Chega perde tanto contra Luís Marques Mendes, como contra Henrique Gouveia e Melo ou António José Seguro.

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: André Kosters - Lusa (arquivo)

Uma sondagem do CESOP - Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público conhecida esta segunda-feira coloca os candidatos presidenciais André Ventura, Luís Marques Mendes e Henrique Gouveia e Melo em empate técnico nas eleições de 18 de janeiro.

A Católica estimou os resultados eleitorais através das intenções diretas de voto dos participantes da sondagem e redistribuindo os indecisos. André Ventura surge no topo, com 22 por cento, seguido de Luís Marques Mendes (20 por cento) e Henrique Gouveia e Melo (18 por cento), ficando os três “em situação de empate técnico”, tendo em conta as margens de erro.

Seguem-se António José Seguro (16 por cento), João Cotrim de Figueiredo (14 por cento), Catarina Martins (três por cento), António Filipe (três por cento), Jorge Pinto (dois por cento) e Manuel João Vieira (menos de um por cento).

“Com trabalho de campo realizado a mais de um mês das eleições, esta sondagem não indica vantagem inequívoca para nenhum candidato”, esclarece o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP).

De acordo com a sondagem, “se as eleições tivessem sido realizadas no momento das entrevistas, quatro candidatos poderiam passar à segunda volta: Ventura, Mendes, Melo e Seguro”.

“Mas também Cotrim se aproxima muito desta possibilidade, pois o limite mínimo de Mendes está apenas um ponto percentual acima do limite máximo de Cotrim. Diferença muito curta para dois candidatos que disputam eleitorado da mesma área política”, acrescenta.Ventura perde em cenários de segunda volta
Numa segunda volta das eleições presidenciais, “sempre que Ventura está no cenário, o oponente vence”, explica a Católica, acrescentando que “quando Ventura não está, o resultado é mais equilibrado, com maior probabilidade de vitória para Marques Mendes”. O CESOP colocou aos inquiridos seis cenários de segunda volta com os quatro candidatos com maiores intenções de voto.

Segundo esta sondagem, André Ventura perderia com 29 por centro dos votos numa segunda volta contra António José Seguro, que arrecadaria 66 por cento. Ventura também perderia, com 25 por cento dos votos, contra os 68 por cento de Gouveia e Melo; e perderia com 26 por cento contra 69 por cento para Marques Mendes.

As restantes batalhas seriam mais equilibradas: 50 por cento para Marques Mendes e 42 por cento para Gouveia e Melo; 49 por cento para Seguro e 44 por cento para Gouveia e Melo; e, num último cenário de segunda volta, 48 por cento para Marques Mendes e 43 por cento para Seguro.Para onde estão a ir os votos das legislativas?
Focando-se apenas nos votantes dos três maiores partidos nas últimas eleições legislativas de 2025, a Católica concluiu que 33 por cento (um em cada três) votantes da Aliança Democrática (AD) tencionam votar no candidato apoiado por essa coligação: Luís Marques Mendes.

Dos participantes que tencionam votar neste candidato presidencial, apenas sete por cento votaram no PS nas legislativas e um por cento no Chega.

Já Gouveia e Melo tem apoio de fatias significativas do eleitorado dos três partidos: 20 por cento de votantes do PS, 15 por cento da AD e 12 por cento do Chega.

Cotrim Figueiredo recolhe a intenção de voto de 17 por cento dos votantes da AD e apenas cinco por cento do Chega e dois por cento do PS.

André Ventura reúne a intenção de voto de 65 por cento (dois terços) dos votantes do Chega nas últimas legislativas. Apenas cinco por cento dos eleitores da AD e três por cento dos do PS tencionam votar neste candidato.

António José Seguro junta, por sua vez, 39 por cento das intenções de voto de eleitores do PS, quatro por cento de eleitores da AD e um por cento do Chega.Ventura com maior nível de rejeição, Marques Mendes com o menor
Entre os candidatos que apresentam maiores percentagens de intenção de voto, André Ventura é o que possui maior nível de rejeição, com 71 por cento dos participantes nesta sondagem a responderem que “de certeza” não votarão nele.

Estas respostas vão em linha com as dadas à questão “quem não tem perfil para ser presidente?”, com 57 por cento dos inquiridos a elegerem o candidato do Chega.

De resto, os candidatos com maior taxa de rejeição são os que reúnem menores percentagens de intenção de voto, nomeadamente Jorge Pinto, apoiado pelo Livre (com 91 por cento dos participantes a rejeitarem votar nele), seguido de António Filipe, apoiado pela CDU (87 por cento de rejeição) e da bloquista Catarina Martins (81 por cento).

No caso de João Cotrim Figueiredo (Iniciativa Liberal) foram 60 por cento os participantes a dizerem que de certeza não votarão nele. Seguem-se Henrique Gouveia e Melo, com 56 por cento, António José Seguro, com 54 por cento, e Luís Marques Mendes, com a menor taxa de rejeição: 52 por cento.

Também aqui as respostas são coerentes com as dadas à questão “independentemente da sua opção de voto, qual dos seguintes candidatos tem melhor perfil para exercer as funções de presidente da República?”, à qual a maioria dos inquiridos (24 por cento) respondeu que seria Marques Mendes.Portugueses querem presidente honesto e que saiba ouvir
Confrontados com uma lista de características, os participantes preferiram a honestidade, a atenção aos aspetos sociais, a ponderação, o “saber ouvir” e a atenção à economia como as que mais valorizam num presidente da República.

Quanto à honestidade, os inquiridos elegeram Gouveia e Melo, Seguro e Cotrim Figueiredo como os mais honestos entre todos os candidatos a estas eleições. Com a maior capacidade de ouvir as pessoas foram escolhidos maioritariamente Luís Marques Mendes e António José Seguro. 

No campo dos aspetos sociais, foram escolhidos Ventura, Marques Mendes e Seguro. Já a maior atenção à economia foi atribuída aos candidatos apoiados pela AD e pela IL.

Os candidatos que parecem mais ponderados aos entrevistados são, por sua vez, Marques Mendes, Seguro e Gouveia e Melo.Maioria dos inquiridos vai votar “de certeza”
Apesar de não ser possível prever um valor para a abstenção a partir das respostas dos inquiridos, 82 por cento dos participantes disseram que iriam votar “de certeza” se as eleições se realizassem agora.

“Sabemos que a percentagem de abstencionistas será sempre superior às percentagens que se encontram neste tipo de inquéritos”, explica o relatório da sondagem. “Isso acontece porque muitos dos abstencionistas não aceitam sequer responder a inquéritos políticos”.

Dos inquiridos, apenas dois por cento responderam que “de certeza” não iriam votar e um por cento disse que “não tencionaria ir votar”.


Ficha Técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 4 e 12 de dezembro de 2025. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1185 inquéritos válidos, sendo 43% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 30% da região Norte, 19% do Centro, 37% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 1% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários, região e comportamento de voto com base nos dados do recenseamento eleitoral e das últimas eleições legislativas. A taxa de resposta foi de 24%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1185 inquiridos é de 2,8%, com um nível de confiança de 95%.

*Foram contactadas 4901 pessoas. De entre estas, 1185 aceitaram participar na sondagem e responderam até ao fim do questionário.
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